Definição
O tamponamento com balão controla a hemorragia das varizes esôfago-gástricas em 70 a 90% dos pacientes.
A Sonda de Sengstaken-Blakemore é um cateter de triplo lúmen com dois balonetes: um que é insuflado no lúmen do estômago, fazendo pressão sobre a cárdia e o outro insuflado no lúmen do esôfago, pressionando, diretamente, as varizes. O terceiro lúmen é utilizado para irrigar e drenar o estômago.
O tubo de Minnesota é atualmente preferível, porque tem quatro lúmens: dois para insuflar os balonetes, um para aspiração do conteúdo gástrico e um para aspiração do esôfago acima do balonete.
Quando é utilizada a sonda Sengstaken-Blakemore que não contem o quarto lúmen, uma sonda nasogástrica deve ser ligada a sonda Sengstaken-Blakemore, um pouco acima do balonete esofágico, para possibilitar a remoção de secreções acumuladas nesse local.
Imagem 1: Sonda Sengstaken-Blakemore

Imagem 2: Esquema da Sonda Sengstaken-Blakemore

O tamponamento com balão está cada vez mais restrito. Deve ser considerado como ponte para o tratamento definitivo, e ser utilizado apenas nos casos de hemorragia massiva com instabilidade hemodinâmica não responsiva à volume e em situações ou locais em que não seja possível a terapia endoscópica, farmacológica e/ou cirúrgica (escleroterapia, ligadura elástica endoscópica, tratamento endovascular – Transjugular Intrahepatic Portosystemic Shunt (TIPS), cirurgia de derivação de fluxo).
O tamponamento pode ser mantido por 24 a 48 horas. Embora a pressão por mais de 24 horas possa ser necessária para controlar o sangramento, pode provocar edema, esofagite, ulcerações e perfuração de esôfago.
Depois que o sangramento é controlado, a sonda é mantida e insuflada por não mais que 12 a 24 horas para diminuir o risco de isquemia e necrose gástricas. O ideal é que não permaneça por mais de 72 horas.
Indicações
- Controle imediato do sangramento varicoso, principalmente em serviços de emergência
- Ausência de tratamento definitivo, como terapia endoscópica, TIPS (transjugular intrahepatic portasystemic shunt) e cirúrgico
- Falha na escleroterapia endoscópica, seja por ligadura elástica ou injeção de soluções esclerosantes
- Unidades que não disponham de terapia farmacológica ou endoscópica
Contraindicações
- Cirurgias gastroesofágicas prévias
- Quando há possibilidade imediata de terapias endoscópicas, medicamentosas e cirúrgicas
Complicações
- Ruptura esofágica – por insuflação do balonete gástrico no esôfago, inadvertidamente.
- Obstrução das vias aéreas superiores por migração cefálica – evento catastrófico para os pacientes cujas vias aéreas não estão garantidas. Nesse caso, deve-se manter uma tesoura perto para cortar imediatamente a sonda (desinsuflar rapidamente o balão), se houver obstrução das vias aéreas
- Necrose do nariz, da boca e da mucosa gastroesofágica – por pressão
- Pneumonia por aspiração
Material necessário: (Amato)
- Balão esofágico (Sonda Sengstaken-Blakemore) no. 16 ou 18 – resfriá-la antes do uso – facilita a inserção
- Aspirador
- Sonda de aspiração
- Sonda nasogástrica
- Pinça de Maggil
- Três pinças Kelly ou grampos revestidos
- Manômetro
- Seringas
- Luvas estéreis
- Lidocaína gel e spray
- Adesivo – esparadrapo
Atuação do enfermeiro
Preparo do paciente e procedimento (Stone e Humphries / Morton e Fontaine)
- Avaliar o nível de consciência do paciente – devido a hipoxemia resultante da hemorragia e/ou a encefalopatia hepática, as vezes é necessária a entubação orotraqual para assegurar via aérea pérvia e prevenir a broncoaspiração. Mantenha o material de entubação próximo
- Explicar cuidadosamente o procedimento ao paciente e avaliar o risco que um estado de agitação psicomotora pode causar
- Colocar o paciente em posição supina com a cabeceira elevada de 30 à 45o, se possível
- Insuflar os balonetes para verificar se há vazamento de ar e desinsuflá-los completamente
- Identificar e rotular a entrada de cada lúmen da sonda
- Lubrificar a extremidade distal da sonda e dos balonetes com o gel
- Aguardar o médico introduzir a sonda pelo esôfago (pelo menos 50 cm), posicioná-la no estômago e fazer o teste de ausculta; se necessário utilizar a pinça de Maggil para auxiliar a passagem pela cavidade
- Após a confirmação da posição correta, o balonete gástrico deve ser insuflado lentamente com 250 a 300 ml de ar (Sengstaken-Blakemore); 450 a 500 ml de ar (Minnesota) e a porta do balonete gástrico deve ser fechada com uma pinça ou grampo. Fique atento à queixa de dor subesternal do paciente enquanto o balonete gástrico está sendo insuflado; se o paciente referir dor, deve-se parar imediatamente, desinsuflar o balonete e a sonda deve ser reposicionada
- Após o enchimento do balão gástrico, a sonda é tracionada até apresentar resistência – impacto na cárdia (tamponamento da junção gastroesofágica)
- Se com o balonete gástrico insuflado o sangramento continuar, o balonete esofágico é insuflado até uma pressão entre 25 e 40 mmHg (controle com o manômetro); utilizar a menor pressão possível que irá controlar a hemorragia
- Realizar aspiração orofaríngea com frequência para evitar broncoaspiração
- Fixar a sonda no ponto de abertura nasal
- Realizar radiografia de tórax – excluir as possibilidades de pneumotórax, pneumomediastino e pneumoperitônio, consequências de ruptura esofágica ou, mais raramente, ruptura gástrica.
- Controlar periodicamente as pressões dos balonetes
- Imobilizar os braços do paciente se houver risco de retirada acidental da sonda – confusão e inquietação
- Limpar e lubrificar as narinas do paciente com frequência para evitar áreas de pressão provocadas pela sonda
- Irrigar a porta nasogástrica a cada duas horas para assegurar a perviedade e manter o estômago vazio
- Orientar o paciente a evitar qualquer esforço (tosse, esforço para evacuar) pois aumenta a pressão intra-abdominal e predispõe a sangramento adicional