O cloreto de etilo em 'spray' é o melhor analgésico para a "prevenção da dor em criança após a punção venosa" e o mais barato, mas o menos utilizado em Portugal, concluiu um estudo divulgado nesta sexta-feira.
A investigação, liderada por um investigador da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra (ESEnfC) e por uma enfermeira especialista em saúde infantil e pediatria do Hospital Pediátrico de Coimbra (HPC), demonstra que "o cloreto de etilo em 'spray' poderá ser o método analgésico ideal para prevenir a dor associada à punção com uso de agulha em crianças".
Entre um conjunto de anestésicos analisados, o cloreto de etilo em 'spray', que é "muito pouco utilizado em Portugal neste cenário clínico", revelou ser "o único que não requer tempo de espera entre a aplicação e a punção" e que não exige penso oclusivo, tendo a vantagem de ser "consideravelmente mais barato", sublinham os responsáveis pela pesquisa, citados numa nota da ESEnfC enviada hoje à agência Lusa.
Denominado 'Intervenção farmacológica na prevenção da dor da punção venosa na criança', o estudo, liderado Luís Manuel da Cunha Batalha, investigador da ESEnfC, e pela enfermeira Maria Matilde Marques Correia (HPC), comparou "cinco analgésicos de aplicação tópica para prevenir este tipo de dor" e substancias como lidocaína a 10% em 'spray', em gel e em creme. "Nenhum dos anestésicos tópicos apresentou superioridade na prevenção da dor" e "todos se revelaram eficazes, com uma intensidade de dor em mediana abaixo de dois pontos, o que é considerado um bom indicador de qualidade de cuidados na prevenção da dor", salientam os investigadores.
"O uso do cloreto de etilo num departamento de ambulatório pediátrico revela vantagens na relação custo-benefício", seja de "forma direta (custos financeiros)", seja "indiretamente.Destacam ainda os "potenciais benefícios na redução da ansiedade da criança, pela ausência de tempo de espera entre a aplicação do anestésico tópico e a punção". "Sem prejuízo para o estudo de outras formas de analgesia farmacológica e não farmacológica para prevenção da dor provocada pela punção venosa nas crianças, o uso do cloreto de etilo deve ser repensado e mesmo recomendado, principalmente num departamento ambulatório pediátrico", salientam os investigadores.
A falta de evidência científica e o medo de efeitos secundários (como, por exemplo, o de queimadura ou vasoconstrição) têm sido alguns dos motivos apontados para a pouca utilização do cloreto de etilo para alívio da dor associada à punção venosa, mas este mostra que não fazem sentido, conclui a ESEnfC. A investigação foi desenvolvida entre 2014 e 2016 e envolveu 350 crianças, com idades compreendidas entre 6 e 17 anos, com necessidade de punção venosa, acompanhadas pelos pais.